O Brasil desconhece o potencial social e econômico dessa gigantesca gramínea denominada bambu.
“Nós podemos viver sem carne; nós não vivemos sem bambu”.
A frase atribuída ao pensador chinês Confúcio revela a importância da espécie vegetal para o continente asiático. Lá no outro lado do mundo, o bambu é considerado uma dádiva dos deuses e ouro verde da floresta.
Uma série de fatores fazem do bambu uma planta especialmente diferenciada. Um dos destaques é o seu potencial de crescimento: cresce mais rápido do que qualquer outra planta do planeta e pode atingir até 30 metros.
Além disso, o bambu é tolerante a solos com baixa fertilidade e, dependendo da espécie, os colmos podem ser cortados após dois a quatro anos.
Como a espécie vegetal cresce de forma rápida, ele tem alto poder de seqüestro de carbono (CO2) e de reflorestamento de áreas devastadas. É ainda conhecido por suas propriedades de conservação do solo. Isso porque os bambus “costuram” os solos, tornando-os compactos e coesos.
O bambu também é utilizado para a geração de energia (há estudos de que o álcool etanol pode ser retirado do bambu) e o carvão desta planta é considerado excelente.
O bambu apresenta cerca de 55% de celulose. O papel de bambu tem a mesma qualidade que o papel de madeira. Os especialistas também argumentam que o bambu oferece seis vezes mais celulose que o pinheiro e suas fibras são muito resistentes e de qualidade superior à fibra de madeira. Na Índia, cerca de 70% do papel é feito à base de bambu.
Na culinária, o broto comestível é capaz de fornecer proteína, fibras e elementos anti-oxidantes e é muito apreciado pelos asiáticos. Já há utilização do bambu em cosméticos, malhas e até em toalhas de banho.
Os bambus também têm aplicação medicinal. “A tradição de uso do bambu no oriente nos diz que do colmo e das folhas da planta são extraídas bebidas antitérmicas, um extrato de sílica chamado tabashir empregado contra asma, loção para os olhos e ainda produtos como enzimas, hormônios, substâncias para cosméticos, xampus, etc.
No Equador, na Colômbia e na Costa Rica, por exemplo, os bambus servem como matéria-prima para a construção de casas para populações carentes.
Na Tanzânia existem 700 km de tubulações de bambu para irrigação
A resistência à compressão de uma peça curta de bambu pode ser seis vezes superior ao concreto e o bambu picado pode substituir a areia/brita na confecção de concreto leve.
As espécies mais utilizadas e encontradas são: Bambusa vulgaris (papel e celulose), Plyllostachis aurea (vara de pescar ou cana da índia), Plyllostachis edulis (bambu moso ou bambu chinês), Dendrocalamus giganteus (bambu gigante), Bambusa tuldoides (balaios, artesanato, etc.).
A espécie que a literatura julga mais adequada para utilização na construção civil é Guadua angustifolia, nativa da Amazônia. Este tipo de bambu ocorre em vastas florestas naturais na Amazônia, especialmente na Colômbia e no Equador.
Fonte: Artigo “De A a Z: A multidisciplinar sustentabilidade amazônica” por José Barroso Filho*